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Todos os anos saem de Portugal para o mundo mais de 7 mil milhões de euros de exportação em têxteis e vestuário, calçado e ourivesaria. “Portugal tem o maior cluster têxtil da Europa”, defende Mário Jorge Machado, presidente da ATP (Associação Têxtil e Vestuário de Portugal). “Estamos a falar de um setor que é dos grandes exportadores nacionais, e cerca de 80% das empresas deste setor estão aqui próximo, num raio de 50 quilómetros ao redor de Famalicão”, explicou o líder da ATP, num aglomerado que se estende por concelhos como Fafe, Guimarães, Barcelos, Santo Tirso, Trofa e Porto.
“Conseguimos resistir a vários desafios à nossa competitividade e reforçar a resiliência, característica tão intrínseca ao ADN da moda nacional”, assume César Araújo. De acordo com o Presidente da ANIVEC (Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção), “o ecossistema do Têxtil e do Vestuário em Portugal é único: num raio de poucas centenas de quilómetros, reunimos todas as vertentes da cadeia de abastecimento. Somos o exemplo real de fornecimento por proximidade, desde a fiação à distribuição da peça pronta”. “Quando uma marca vem a Portugal – continuou - encontra soluções para toda a tipologia de produtos, uma vasta gama de matérias-primas, acabamentos que estão na vanguarda das tendências e um savoir-faire ímpar no que respeita a padrões de qualidade, tanto em material como produto acabado”.
César Araújo recorda que “a par das soluções oferecidas pela cadeia de abastecimento nacional e do globalmente reconhecido selo de qualidade que representa, há cada vez mais uma capacitação a nível de infraestruturas e tecnologia, bem como um investimento em soluções mais sustentáveis que permitem o posicionamento das nossas indústrias na vanguarda do mercado da Moda”.
De resto, o líder da ANIVEC assume que “Portugal já não é uma personagem secundária, assumindo um papel principal na evolução do Têxtil e do Vestuário na Europa. Simultaneamente, há um forte investimento por parte das empresas na sua promoção enquanto veículos para o desenvolvimento socioeconómico do País, com impacto em questões tão fundamentais como a ética laboral, a dignidade dos trabalhadores que, feitas contas, são mais que 90 mil, e o forte contributo para o desenvolvimento de algumas regiões do país, nivelando gerações menos favorecidas e com impacto em questões como a igualdade de géneros, criando oportunidades e dinâmicas únicas em algumas minorias”.
Calçado também é um exemplo
Constituído por 1500 empresas, responsáveis por 40 mil postos de trabalho, também o setor do calçado é um exemplo. “Exportamos atualmente mais de 95% da nossa produção, para 170 países, nos cinco continentes”, assume Luís Onofre. Para o Presidente da APICCAPS, a associação do setor, “o saber-fazer acumulado pelo setor ao longo de gerações associados a grandes investimentos na área tecnológica, fazem de Portugal um player de referência a nível internacional. Produzimos excelente calçado, a um preço justo”, admite.
Nos três próximos anos, o setor do calçado investirá 140 milhões de euros. “Queremos que Portugal seja uma grande referência a nível internacional no desenvolvimento de soluções sustentáveis”, sublinha Luís Onofre.
Jóias Portuguesas atravessam oceanos
“A herança secular de gerações dedicadas à arte da ourivesaria, à manufatura, à atenção ao detalhe diferenciam a joalharia portuguesa”, revela Fátima Santos. A Diretora Geral da Associação de Ourivesaria (AORP), recorda que “as marcas nacionais estão a aliar o seu know-how aos novos conceitos de design contemporâneos, mais próximos dos novos padrões de consumo e da moda - um cruzamento entre passado e presente no qual se inscreve o futuro. É esta capacidade e saber que a tornam tão singular.”
O setor, por um lado, assenta numa “indústria, vocacionada para a produção para terceiros, posiciona-se hoje em dia pela qualidade, flexibilidade e capacidade de resposta”, aliando para isso “a técnica à inovação, somando uma característica bem portuguesa e que nos traz competitividade internacional que passa pela capacidade de resposta, de cumprir prazos e flexibilidade de adaptação a produções de menor escala, mais exclusivas, que é o que buscam atualmente as marcas internacionais” e, por outro, “numa nova geração de designers e empreendedores que se inspiram no nosso legado e trazem uma nova visão contemporânea de produto, de negócio, de comunicação, abrindo novos caminhos e novos públicos, à escala global”.