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2022-01-24

"A nossa ambição é introduzir uma visão de moda no setor da mobilidade"


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A Riopele está a diversificar as áreas de negócio. Para além da fileira moda, o setor de têxteis técnicos é uma aposta de futuro. Destaque para o setor da mobilidade, liderado por João Amaral.

1. A Riopele está a diversificar o negócio e a investir em outros segmentos de produto como o setor da mobilidade. Que conhecimentos adquiridos existem na Riopele que sustentem essa aposta?

A Riopele, pela sua dimensão e capacidade instalada, procura sempre potenciar novas áreas de negócio. Procuramos, de resto, aliar o nosso longo historial e conhecimento profundo no segmento de moda e vestuário a uma abordagem criativa e diferenciadora no desenvolvimento de novos produtos para o setor da mobilidade. No início de 2020, entendemos que era o momento para avançamos nesse processo, através da aquisição do know-how e respetivos contactos de uma empresa com elevado conhecimento e experiência no segmento automóvel.

2. Já há metas definidas?

Nesta primeira fase, a nossa ambição é introduzir uma visão de moda no setor da mobilidade, procurando a aceitação dos fabricantes da nossa estratégia e posicionamento. Neste sentido, temos realizado visitas e participado em reuniões com os principais fabricantes mundiais, aos quais apresentamos as nossas propostas para projetos conceptuais e produção de pequenas séries. Internamente, estamos ainda a introduzir e a estabelecer novos métodos e processos que se adequem a esta exigente indústria. Recentemente, criamos também uma nova marca designada “Riopele Textile E-Motion” para a promoção desta nova área de negócio da empresa.

3. Que novos produtos estão a ser desenvolvidos?

Recordo que os requisitos da indústria da mobilidade não são os mesmos da indústria de moda. Além do trabalho técnico exaustivo que estamos a desenvolver nesta vertente, de modo a incluirmos os tecidos da coleção de moda da Riopele na vertente mobilidade, temos já dois novos produtos inovadores e exclusivos que estão a despertar a atenção do mercado: materiais têxteis com cortiça incorporada e materiais produzidos a partir de resíduos têxteis, tendo por base o conceito da nossa marca de tecidos Tenowa. A presença neste segmento está a desafiar-nos para encontrar novos produtos, que poderão ainda complementar e abrir outras áreas de negócio para a empresa.

4. Que especificidades apresenta o setor da mobilidade que exijam da Riopele uma resposta diferente do habitual?

Vai exigir um outro tipo de time to market, entre o processo de desenvolvimento do produto e a respetiva comercialização. O sector da mobilidade tem uma linguagem própria, bem como exigências técnicas diferentes das que estávamos habituados. A incorporação de outras matérias-primas, processos técnicos, prazos de desenvolvimento e da própria vida do produto, obriga-nos a ter uma visão e dinâmica diferente na gestão desta área de negócio.

5. A Riopele tem investido muito no domínio da sustentabilidade. Terá sido esse um fator crítico para abordar um setor tão exigente como a indústria automóvel?

O trabalho que a Riopele tem realizado no domínio da sustentabilidade é, certamente, um valor acrescido nesta caminhada para um mundo mais verde. A própria indústria automóvel também ela se encontra na encruzilhada da sustentabilidade. Temos fabricantes a anunciar o fim do uso de pele natural, veículos de série a integrar materiais naturais e reciclados, veículos conceptuais que no fim de vida são 100% recicláveis, cabe-nos a nós identificar soluções e desenvolver produtos concretos para estes novos desafios.

6. Do seu ponto de vista, como poderá evoluir o segmento da mobilidade na próxima década?

Sem abordar o tema da condução autónoma, a nossa visão será para uma busca por habitáculos mais confortáveis como um prolongamento da nossa sala-de-estar, com incorporação de matérias-primas mais amigas do ambiente e de maior diferenciação. As decisões de compra do consumidor serão mais conscientes e exigentes, existindo também neste ponto uma mudança radical dos fabricantes.