+

2022-07-20

“Tecidos devem ser duráveis”


voltar a notícias

É um dos jovens quadros da Riopele, com competências alargadas na área de I&D. Aos 28 anos, Ângela Teles tem responsabilidades acrescidas nos domínios da sustentabilidade relativamente ao desenvolvimento de novos tecidos, assim como na dinamização de projetos de inovação. Acredita no trabalho em equipa, em projetos conjuntos e na aposta em “processos inovadores que abram caminhos a novas abordagens e oportunidades, fomentando a criatividade”.

A Riopele anunciou uma meta muito ambiciosa no domínio da sustentabilidade: até 2025, 80% dos tecidos terão uma vertente sustentável. Que passos estão a ser dados para se alcançar essa meta?

A sustentabilidade associada a produto é muito ampla. Temos que ter em conta os materiais que utilizamos, a forma como produzimos e onde o fazemos. Apesar de tudo isto, as matérias-primas continuam a ser um dos pontos de referência e de maior impacto no processo de sustentabilidade da indústria têxtil. Por este motivo, procuramos cada vez mais incrementar a utilização de materiais mais responsáveis e introduzir novas fibras com características de circularidade, nunca esquecendo que para ser sustentável, um tecido deve, acima de tudo, ser durável. 

As preocupações de foro ambiental podem ser inibidoras da criatividade no desenvolvimento de novos produtos?

A sustentabilidade e todas as preocupações que daí advém devem ser encaradas como um desafio. A tecnologia é frequentemente vista como uma solução para os nossos problemas ambientais, mas é igualmente importante a criatividade. É vital sermos capazes de mudar a mentalidade para refletir como os cidadãos de hoje se sentem em relação à sustentabilidade. Impulsionado por esta mudança, surgem cada vez mais materiais e processos inovadores que abrem caminhos para explorar novas abordagens e oportunidades, fomentando a criatividade. É precisamente este o grande desafio, usarmos toda a nossa criatividade, olhando globalmente e reinventando a forma como construímos tecidos.

A Riopele exporta mais de 95% da sua produção para praticamente 50 mercados. Do ponto de vista comercial, sente que existe uma maior pressão para o desenvolvimento de novos produtos amigos do ambiente?

As expectativas dos clientes estão a mudar. Os consumidores procuram empresas e marcas que consideram ter compromissos genuínos com questões ambientais e sociais. As solicitações sobre produtos mais responsáveis cresceram exponencialmente nos últimos 4 anos. Consideramos que é importante sermos proactivos e não esperar por legislação para realizar mudanças. Fazemos o nosso caminho e acompanhamos os nossos clientes no seu.

Que países estão na vanguarda no domínio da sustentabilidade?

A questão ambiental atingiu uma globalidade em que ninguém fica indiferente, pelo que torna-se obrigatório a todas as marcas repensarem a sua abordagem no negócio, mantendo o consumo mas de forma sustentada. É quase impossível para os consumidores, em qualquer lugar do mundo, ignorar as mudanças provocadas pelas alterações climáticas e pela degradação ambiental. Claro que nem todos estão sensibilizados da mesma forma e a trabalhar com a mesma urgência. Os países nórdicos como Dinamarca e a Suécia, mas também a Alemanha, Bélgica revelaram preocupações desde muito cedo e continuam a ser dos mais conscientes, mas não podemos também descurar a Espanha, nomeadamente o Grupo Inditex, assim como a França. Embora o tempo de pandemia viesse ainda acentuar uma maior premência do tema noutros mercados, como os USA.

A Riopele é especialista na produção de poliéster. O que torna esta matéria-prima tão interessante?

O poliéster é uma fibra que tem sido parte indispensável do mundo têxtil desde sua invenção no início da década de 1940. Em 1963, numa época de grande mudança, a Riopele criou a marca Texlene®. Esta é uma marca que revolucionou o seu tempo, quebrando a tradição, e adaptando-se às necessidades da vida moderna através das caraterísticas de performance da fibra de poliéster. Mais tarde, em 1996, surgiu uma das mais inovadoras e respeitadas marcas Riopele, Çeramica®, uma aposta no desenvolvimento de artigos com propriedades de respirabilidade e elevado conforto, atendendo ao conceito de easy-care, recentemente evoluindo para uma nova geração, Çeramica Green®, com incorporação de materiais reciclados.

A Riopele integra vários projetos de I&D conjuntos no domínio da sustentabilidade. Qual a importância do trabalho em rede e com vários parceiros externos?

A criatividade e inovação fazem parte da nossa filosofia, procuramos estar na vanguarda e por isso, os projetos de I&D são uma ferramenta poderosíssima. No mundo atual em que a exigência pelos resultados e a rapidez das respostas não permite a ninguém andar sozinho, congregar sinergias é vital. Trabalhar com parceiros é assim essencial pois permite-nos juntar competências, experiências e estratégias individuais, aumentando a probabilidade de sucesso. Focamo-nos na proximidade e transparência com os nossos parceiros para estarmos bem posicionados para enfrentar este desafio da sustentabilidade.

A empresa, que está prestes a celebrar o 100º aniversário, tem feito uma aposta consistente na captação e retenção de talento. Como se processa a integração de uma jovem de vinte anos numa empresa da dimensão da Riopele?

Apenas posso falar da minha experiência, pois todos vivemos e sentimos de forma diferente. A Riopele é uma empresa cheia de história, mas extremamente resiliente, que soube adaptar-se e consolidar a sua posição nacional e internacionalmente. Sinto a responsabilidade que é fazer parte de uma empresa desta dimensão assim como reconheço e valorizo as pessoas que me acompanharam neste percurso. Considero-me afortunada por fazer parte desta família.