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O escalar do conflito no Médio Oriente está a afetar a atividade das empresas exportadoras. No caso da Riopele, que exporta mais de 90% da sua produção para 50 mercados, todo o sistema logístico foi repensado, obrigando a procurar novas rotas marítimas, priorizando o Cabo da Boa Esperança em prol do Canal do Suez.
Paulo Oliveira, Diretor do departamento de Compras da Riopele, assume que “a guerra entre Israel e o Hamas, seguida dos ataques aos navios no Canal de Suez por parte do grupo Houthi, levou a que as grandes companhias marítimas desviassem a sua rota normal pelo Mar Vermelho para o sul de África, pelo Cabo da Boa Esperança”, tendo como consequência direta o aumento do frete e do transit time.
Acresce que “o mau tempo e a agitação marítima que se verificou durante o primeiro trimestre do corrente ano, provocou o fecho de algumas barras marítimas, o que obrigou o desvio de alguns navios com paragem em Sines para outros portos marítimos, como por exemplo, o porto marítimo de Le Havre”, recordou Paulo Oliveira. Em resultado, a “Riopele passou a viver uma nova realidade”, na medida em que o transporte de um contentor proveniente da Ásia passou a demorar 60 dias, em vez dos tradicionais 45.
“Uma vez que não conseguimos agir diretamente sobre as rotas marítimas, o que fizemos foi informar os nossos parceiros de todos os procedimentos”, destacou Paulo Oliveira. Adicionalmente, a Riopele priorizou duas companhias marítimas de referência, mas “está naturalmente atenta a novos desenvolvimentos”.
Já antes, no domínio da exportação, a atividade da Riopele ficou afetada. “Desde o início da Guerra na Ucrânia o transporte de mercadorias para os países de leste diminuiu substancialmente”, lamentou Miguel Teles, Diretor de Logística da Riopele. Ao nível da importação, “o tempo de trânsito das matérias-primas aumentou consideravelmente, o que obrigou a repensarmos a estratégia de aprovisionamento, antecipando planos de compra de forma a minimizar eventuais riscos”.
A Riopele, ao longo dos 97 anos de história, tem sido desafiada constantemente a procurar novas soluções logísticas e a inovar na execução dos processos. “A construção de um novo Polo Logístico, em 2021, permitiu a centralização das operações logísticas, maximizando a produtividade das equipas e dos meios, otimizando os recursos e rotinas de trabalho”, realçou Miguel Teles, Diretor de Logística da Riopele. Desta forma, “garantimos melhores condições de armazenagem dos principais materiais utilizados na fabricação de tecidos, a centralização dos stocks e a sua organização, assumindo internamente a gestão dos transportes, selecionando parceiros que garantem entregas rápidas e fiáveis", recorda.
A nova unidade de logística da Riopele desenvolve a sua atividade em toda a cadeia de valor, garantindo todas as operações de inbound (receção de todos os recursos necessários à produção), operações de outbound (expedição do produto acabado) e abastecimento às unidades produtivas.
Com a implementação do sistema integrado de gestão SAP R3, conseguimos melhorar o processo de planeamento, utilizando ferramentas como o MRP, ATP e gestão de capacidades, permitindo assim aumentar a taxa de cumprimento de prazo. Os processos de gestão de stocks, armazéns, vendas e distribuição também se tornaram mais eficientes e sistematizados. A construção de indicadores de desempenho (KPIS) permitiu efetuarmos um acompanhamento muito próximo da performance nas várias áreas, possibilitando a tomada de medidas em tempo útil sempre que necessário.