+
voltar a notícias
As Nações Unidas declararam o dia 15 de novembro último como “Dia dos Oito Mil Milhões”. A Índia deverá superar a China como o país mais populoso do mundo já em 2023, de acordo com o relatório "World Population Prospects 2022".
A população global está a crescer a um ritmo mais lento desde 1950, apresentando uma queda de 1% em 2020. Ainda assim, as últimas projeções das Nações Unidas indicam que a população mundial possa chegar aos 8,5 mil milhões em 2030 e 9,7 mil milhões em 2050.
A estimativa é de que a população atinja um pico de cerca de 10,4 mil milhões de pessoas durante a década de 2080 e permaneça neste nível até 2100.
Ainda de acordo com as Nações Unidas, os riscos e as oportunidades da explosão demográfica e crise de recursos paralela dependem muito de decisões que a sociedade, invariavelmente determinará. De acordo com Patrick Gerland, “os impactos exatos na vida humana no futuro ainda não foram determinados”. Para o responsável do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas, que supervisiona as estimativas demográficas à escala internacional, “até à data, em termos gerais, o mundo tem sido bem-sucedido a adaptar-se e as encontrar soluções para os problemas”. “Precisamos de estar um pouco otimistas”, admite, reconhecendo, porém, à National Geographic que as alterações climáticas são uma ameaça poderosa. “Mantermos simplesmente o status quo e não fazermos nada não é uma opção”. “Gostemos ou não, as alterações estão a acontecer e a situação não vai melhorar sozinha. São necessárias intervenções presentes e futuras.”
A população mundial aumentou mil milhões em apenas 12 anos. Desde o aparecimento do Homo sapiens, foram necessários cerca de 300.000 anos até existirem mil milhões de pessoas sobre a Terra, o que ocorreu por volta de 1804, o ano da descoberta da morfina, quando o Haiti declarou a independência de França e Beethoven fez a primeira interpretação da sua Terceira Sinfonia em Viena.
Ultrapassada agora a barreira os oito mil milhões de pessoas, os desafios tendem a aumentar. A poluição e a sobrepesca estão a degradar muitas zonas dos oceanos. A vida selvagem está a desaparecer a um ritmo alarmante, à medida que os seres humanos eliminam florestas e outras zonas bravias, para fins agrícolas e fabrico de produtos comerciais. As alterações do clima, impulsionadas por um sistema de energia global que ainda é esmagadoramente alimentado por combustíveis fósseis, está rapidamente a tornar-se a maior ameaça histórica à biodiversidade, segurança alimentar e acesso a água para ingestão humana e fins agrícolas.
Revolução chinesa
Também a explosão populacional provoca ondas de tensão em todo o mundo. Pela primeira vez em dois milénios, a China terá deixado de ser o país mais populoso da Terra (tendo sido ultrapassada pela India). Mesmo antes da política do filho único na China, que entrou em vigor em 1980, “os nacimentos na China estavam a diminuir de forma quase contínua”, defendeu Gerland. Só na década de 1970, a taxa de natalidade caiu para metade. Em resultado, nasceram menos 45 por cento crianças em 2020 do que em 2015. A taxa de natalidade da China é agora muito inferior à dos EUA. Mesmo com uma das mais longas esperanças de vida de qualquer país – 85 anos – prevê-se que a população de 1.400 milhões da China comece a diminuir em breve. A população ativa está a encolher há uma década. Neste momento, não chega a haver dois trabalhadores para sustentar cada reformado ou criança. Nos próximos 25 anos, o país deverá ter 300 milhões de pessoas com mais de 60 anos, espera-se que os custos com os cuidados de saúde dupliquem.
O boom africano
Em África, por outro lado, as tendências estão a avançar rapidamente na direção oposta. Na região do Sahel, por exemplo, a população está a expandir-se rapidamente. Atualmente fixada em 216 milhões, a população do país poderá quadruplicar até ao fim do século segundo. Por essa altura, poderá ter mais pessoas do que a China, que tem um território 10 vezes superior. A segurança alimentar já é, no entanto, uma preocupação. Acresce que mais de um terço do país vive em condições de pobreza extrema, um número mais elevado do que em qualquer outro país. Um terço de todos os agregados familiares incluem um adulto que tem de prescindir de refeições ocasionalmente para a sua família sobreviver.
Importa realçar que todas estas projeções são baseadas em pressupostos e a realidade pode ser muito diferente. Para as Nações Unidas “é essencial expandir as oportunidades de educação ao longo das próximas décadas”, para que seja possível “determinar quantos de nós viverão na Terra quando nos aproximarmos de 2100”.