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Completa, este ano, quatro décadas ao serviço da Riopele. Ainda se recorda de como tudo começou?
Iniciei a minha carreira profissional na indústria automóvel, na empresa “Salvador Caetano IMVT, SA”, em 1980 e, desde março de 1981, prestei Serviço Militar Obrigatório até agosto de 1982. Neste mesmo mês de agosto de 1982, surgiu uma proposta para trabalhar na Riopele. No decurso da entrevista de admissão, recordo-me muito bem de ter colocado duas questões aos representantes da empresa, o Diretor Financeiro e o Responsável da Contabilidade de então.
Que perguntas eram essas?
A minha primeira pergunta e curiosidade foram no sentido de saber quantos colaboradores com formação superior em Contabilidade e Administração (a minha formação académica de base) existiam na empresa, ao que me responderam apenas um, para além do referido responsável da Contabilidade. Depois, perguntei aos referidos representantes há quantos anos trabalhavam na empresa. Quando me responderam que trabalhavam há 8 anos e 7 anos, respetivamente, eu nem queria acreditar! Como era possível trabalhar tanto tempo na mesma empresa, pensei eu!
Mas, afinal, era...
Afinal, era e é, pois, eu consegui a proeza de me ir motivando e, agora, completo os 40 anos ininterruptos de trabalho na Riopele, sempre em sentido ascendente.
Quatro épocas ao serviço da indústria. Na sua opinião, o que mudou na indústria têxtil e de vestuário nestes 40 anos?
Nestes últimos 40 anos, a indústria têxtil transformou-se em indústria de capital intensivo, adaptou-se ao mercado global, evoluiu imenso no sentido da inovação em materiais e processos de trabalho, tornou-se competitiva e resiliente e incorporou na sua cultura os valores da responsabilidade social empresarial.
Desempenhou vários cargos na Riopele até ascender ao cargo de Administrador. Ficaria surpreendido se o apresentassem publicamente como uma fonte de inspiração para os mais de 1000 colaboradores da empresa?
Tenho muito orgulho em ter sido o primeiro trabalhador na história da Riopele a exercer o cargo de Administrador, ora, tendo sob a minha coordenação áreas distintas: Recursos Humanos, Sistemas de Informação, Compras e Infraestruturas, Qualidade, Ambiente e Segurança, Financeira e Industrial. Sempre procurei alargar os meus horizontes profissionais, preparando-me para novos projetos e desafios, mas não foi um percurso fácil.
Quer dar alguns exemplos?
A título exemplificativo da multiplicidade de atividades neste meu percurso profissional, implementei e realizei diversas visitas noturnas e ao fim-de-semana às áreas fabris, em que percecionei in loco as suas dificuldades e pude ouvir sugestões de melhoria das condições de trabalho. Também a minha disponibilidade para sair da zona de conforto e abraçar novos desafios, levou-me em missão de representação da empresa a vários países africanos, a várias cidades europeias, entre as quais, Bucareste, Paris e Barcelona, e a Nova Iorque. Paralelamente, tive a oportunidade de lançar alguns projetos emblemáticos na empresa, entre os quais, destaco pela sua atualidade os projetos “RKPI(s) e “RMind+”.
Uma das razões para este sucesso profissional poderá ser encontrada na forma com vivo o dia-a-dia da Riopele que procurei expressar no lema que propus para a empresa, de “90 anos tecidos com paixão”, por ocasião dos seus noventa anos de atividade têxtil. A Riopele é, pois, uma empresa que reconhece o mérito e proporciona oportunidades de carreira e, como tal, o meu percurso e exemplo pode servir de inspiração, designadamente, para os trabalhadores da empresa.
Na última década, a Riopele procedeu a investimentos significativos na área da I&D. Na sua opinião, o que distingue atualmente a Riopele dos seus concorrentes, na cena competitiva internacional?
O que distingue a Riopele dos seus concorrentes é, a meu ver, a sua permanente vontade em inovar e em apresentar propostas de novos tecidos com novas funcionalidades, que se traduzem em diferentes programas e projetos de investigação em parceria, nomeadamente, com Universidades e Centros Tecnológicos.
Paralelamente, tem havido uma aposta reiterada nos recursos humanos. Ainda recentemente, foi anunciado um novo investimento de cerca de três milhões de euros nesta área. Trata-se de um investimento na continuidade ou da aposta num novo modelo de competitividade?
Na última década, a Riopele implementou uma estratégia de rejuvenescimento das suas equipas, sendo hoje a idade média de 41 anos, o que lhe permitiu apostar no desenvolvimento das competências dos seus colaboradores, através do seu “Programa Horizontes” que inclui o “Workshop Produto, Processo e Controlo”, dirigido a todos os seus trabalhadores, “Formação Executiva” e sessões de “Coaching” para os quadros e responsáveis das áreas e departamentos.
Mas, em que consiste esse novo investimento?
O novo investimento de cerca de três milhões de euros visa reforçar o modelo competitivo da empresa, quer através da continuidade das ações formativas referidas e em curso quer na identificação e seleção de novas ações formativas no âmbito digital e no da gestão departamental e de recursos.
A escassez de mão-de-obra, nomeadamente qualificada, é umas das grandes fragilidades do setor industrial europeu. O que está a fazer a Riopele para contornar esse problema?
Para contornar a escassez de mão-de-obra, nomeadamente qualificada, a empresa tem focado mais a sua atenção na gestão de recursos e na fusão de processos, eliminando atividades, digitalizando processos e selecionando pessoas cujo portfólio de competências individuais permitam reorientar para atividades mais qualificadas incentivando-as para a reconversão profissional e ou de carreira. Por outro lado, para as funções de operador, a empresa procura contratar pessoas indiferenciadas as quais são integradas em programas de formação acelerada no posto de trabalho com resultados muito interessantes, quer para os trabalhadores quer para a empresa.
Mais de 40% das chefias da Riopele são asseguradas por mulheres. Esse é um elemento distintivo da empresa?
Nunca me revi nesta problemática.
Como assim?
Aposto sempre na escolha do mais competente ou adequado à função, independentemente de ser homem ou mulher. Recordo-me, aliás, que quebrei o paradigma que existia na empresa de não serem admitidas mulheres para a área de Contabilidade. O que me motiva são os resultados e, assim, tentar que os locais de trabalho sejam um reflexo da composição da sociedade será um bom indicador de racionalidade.
Depois de dois anos de pandemia, o mercado internacional parece regressar agora à normalidade. De que forma se preparou a Riopele para o “day after”?
Na realidade, a Riopele preparou atempadamente o pós-pandemia, mantendo a estratégia e o plano de investimentos, nomeadamente em investigação, desenvolvendo uma plataforma digital de comunicação com os clientes, aprofundando o acompanhamento dos principais clientes e a aproximação às suas necessidades de produto, a valorização do seu património e a consequente consolidação patrimonial e financeira e identificando novas formas de apoio aos seus trabalhadores.
A Riopele tem a ambição de ser uma referência industrial na Europa. Que investimentos estão planeados para concretizar esse desafio?
Considero que já somos uma referência industrial na Europa e no Mundo. O desafio será aprofundar essa distinção. Nesse sentido, a Riopele identificou já um conjunto de investimentos que, inclusive, poderão ser apoiados no âmbito do “PRR”, do “PT 2020” ou do “PT 2030”.
Que novos investimentos serão esses?
Estes investimentos serão devidamente focados e seletivos privilegiando o “Digital” e a “Sustentabilidade Empresarial” nas suas dimensões, Social, Ambiental e Económica. Vamos continuar na vanguarda, quer do ponto de vista industrial, como no desenvolvimento de produtos altamente inovadores.